O Espaço Cibernético

A busca por uma definição global

Não existe unanimidade sobre o conceito de Ciberespaço. Entre os principais autores e entidades governamentais, a expressão pode significar a mesma coisa ou aspectos diferentes aplicados sobre múltiplas óticas.

Desta forma, a visão apresentada materializa o entendimento prático sobre o tema proposto e busca, por meio de linguagem simples e pouco acadêmica, construir o conhecimento sobre a questão proposta. Assim, a “liberdade poética” é amplamente praticada sem a intenção de contrapor visões explicitadas em outras obras voltadas à temática.

O Criador, em sua infinita bondade, gerou quatro espaços para que os seres vivos pudessem desenvolver as atividades necessárias à sua sobrevivência.

O terrestre foi o berço inicial de nossa existência, fato que o tornou palco das principais evoluções humanas.

Na sequência, passou-se a explorar os mares, oceanos, lagos e rios, no conjunto do espaço aquático ou marítimo, retirando os meios necessários para o desenvolvimento e a expansão das civilizações nos rincões mais distantes do planeta.

Com o passar dos séculos, fruto das inovações no campo científico e tecnológico, voltou-se à exploração do espaço aéreo, viabilizando maior integração entre as diversas localidades do globo.

A curiosidade e o desejo contínuo por expandir as fronteiras conduziram o ser humano à exploração espacial e promoveram a sua conquista que, até os presentes dias, é reservada a um pequeno número de atores globais.

Pode-se inferir que o processo de controle dos referidos espaços foi cada vez mais seletivo, impondo aos Estados, criação dos homens por meio da Paz de Vestfália em 1648, uma constante postura de alerta sobre suas áreas de influência e interesse.

Em 1969, um grupo de pesquisadores reunidos com o sentimento comum aos que buscam a disrupção, ou seja, a interrupção do curso normal de um processo, criou uma rede de comunicação entre laboratórios de pesquisa, conhecida como Advanced Research Projects Agency Network (ARPANET). Essa inovação permitiu a geração de um fluxo informacional com rapidez, integridade, confidencialidade e disponibilidade, tendo sido difundida em várias áreas do planeta. Esse fenômeno intensificou um processo conhecido por globalização.

Rapidamente, buscou-se uma denominação para esse novo ambiente, que integra informações e máquinas, e permite que os dados produzidos e coletados fluam por infraestruturas compostas por redes, cabos de fibra ótica e comunicações baseadas no espaço.

Desta forma, surgiu, fruto da invenção humana, o denominado Espaço Cibernético. O hiato temporal, delimitado entre o surgimento dos conceitos relativos ao referido espaço até a sua assimilação no seio das relações internacionais, foi marcado pelo jogo do poder mundial tradicional visto pela ótica do planisfério que viabilizava o desenvolvimento de políticas estatais que ditaram a relação entre o Poder e o espaço geográfico.

Após o “intangível” espaço virtual demonstrar a sua importância global, as relações de Poder tiveram de ser adaptadas a uma nova visão de mundo. Um ambiente com características próprias, que transformou as interações entre os múltiplos atores que o integram.

O potencial do Ciberespaço em promover integração e transformar a realidade foi rapidamente identificado no seio das disputas pelo controle das relações globais. Desta forma, a criação humana foi rapidamente enquadrada como novo ambiente de projeção de poder, ou seja, um local onde os atores globais buscarão a supremacia em dirigir e governar as ações de outrem pela imposição da obediência ou dominação.

Assim, o Ciberespaço será entendido: “como um espaço integrando por elementos físicos e virtuais conectados em redes ou não, onde as informações transitam e são processadas e/ou armazenadas”.

Fonte: Livro "O jogo do Poder no Espaço Cibernético".