O super Poder Cibernético

A soma de todos os medos

Ao entender o Poder Cibernético como conjunto de recursos que se relacionam à criação, controle e à comunicação de informações, verifica-se que seu crescimento é derivado do desenvolvimento de tecnologias disruptivas emergentes.

Qual será o cenário mais extremo em termos de evolução deste Poder? Ele poderá sair do controle dos Estados e potencializar os demais múltiplos atores existentes no ecossistema cibernético, incrementando um novo status quo?

A essência das respostas para os questionamentos formulados e outros voltados ao crescimento do Poder Cibernético, obrigatoriamente passa pela convergência tecnológica.

A sinergia gerada por ferramentas potentes direcionadas a um mesmo fim podem transformar o ciberespaço por meio da aplicação do Poder Cibernético produzido pelas capacidades cibernéticas originadas na convergência tecnológica.

Neste contexto, a Computação Quântica irá aumentar a capacidade de armazenamento e processamento por meio dos bits quânticos ou qubits das Inteligências Artificiais inseridas em todos os meios tecnológicos empregados pelos humanos que, associadas ao aumento da transmissão de dados fomentado pela família 6G, viabilizará o emprego efetivo da Internet das Coisas, permitindo que a automação seja uma realidade.

Essa evolução obrigará os algoritmos de IA assumirem a responsabilidade por tomadas de decisões, envolvendo situações com risco de morte, etc.

Imagine um motorista que tenha de escolher entre atropelar um gato, um cachorro, um idoso ou uma criança. Quais questões serão processadas em sua mente para a tomada de decisão? Agora, a mesma situação sendo um veículo autônomo, como será processada essa questão?

A automação necessária a esse tipo de resposta só será possível por meio da convergência tecnológica que agregará uma capacidade cibernética exponencial às ruas das cidades inteligentes do futuro, totalmente inseridas em sistemas de controle autônomos que aumentarão a superfície de ataque do ciberespaço numa proporção imaginável.

Segundo Eric Schmidt, ex-CEO da Google:

Até agora, a escolha baseada na razão tem sido a prerrogativa e, desde o Iluminismo, o atributo definidor da humanidade. O advento das máquinas se aproximarem da razão humana alterará tanto os humanos quanto as máquinas. Estas iluminarão os humanos, expandindo nossa realidade de maneiras que não esperávamos ou que não pretendíamos, necessariamente, provocar (o contrário também será possível: que as máquinas que consomem o conhecimento humano sejam usadas para nos diminuir). Simultaneamente, os humanos criarão máquinas capazes de realizar descobertas e chegar a conclusões surpreendentes, capazes de aprender e avaliar o significado de suas descobertas. O resultado disso será uma nova era.

Um fenômeno relevante no tocante à convergência é a substituição gradual da capacidade de tomada de decisões pelos humanos, fruto da vasta aplicação de Inteligência Artificial.

Com a difusão da Internet das Coisas, a assimilação tecnológica atingirá patamares nunca vistos, tornando as tecnologias cada vez mais ubíquas e retirando a interferência humana no processo decisório.

Desta forma, o Super Poder Cibernético será atingido com o amadurecimento do processo de convergência em vigor no cenário cibernético. Assim, os Estados devem buscar papel de relevância no contexto da convergência tecnológica como forma de viabilizar o desenvolvimento das capacidades cibernéticas necessárias ao desenvolvimento deste poder.

Fonte: Livro " O jogo do Poder no Espaço Cibernético".